sábado, 7 de maio de 2011

Perfeição...

E lá estou eu anotando no caderninho mental tudo o que aquela pessoa gosta, quer e espera de alguém, e sendo. Sendo aquilo que faço força para ser, porque eu sei que ser apenas eu mesmo, sou alguém que troca os pés pelas mãos e que sempre acaba boicotando minhas próprias vontades. Ser eu mesmo é o que há de mais imperfeito em toda a minha essência.

Lá está eu sendo perfeito em vão, sendo perfeito para que ninguém veja, sendo perfeito para alguém que não precisa da minha perfeição. Eu me esforço ao máximo, mas a minha perfeição e o meu máximo nunca são o suficiente.

E cansa. Cansa demais demorar um mês inteiro para ser perfeito, e em questão de segundos ser jogado o mais longe possível. Cansa demais me perguntar onde tudo desandou. Cansa demais não aceitar que tudo tenha desandado. Cansa demais me culpar, culpar os outros, culpar alguém. Cansa demais ser perfeito em vão.

Eu finjo que não me importo, e isso também cansa demais. Eu tento não esperar nada, mas eu ainda estou parado na mesma estrada em que me deixaram esperando por alguém que não vai voltar. Mas eu continuo a esperar. E então o bichinho da esperança começa a ser esmagado pelos dias de espera. Dias que viram semanas e semanas que viram meses, e eu me recuso a esperar que os meses virem anos. Mas essa espera já não depende mais de mim. Essa espera depende daquilo que eu abafei por tanto tempo com a minha enorme vontade de ser perfeito.

E que merda é ser perfeito. Que merda é esconder os erros do outro debaixo do tapete, mas se martirizar por um vida inteira pelos meus. Que merda ter que aceitar que acabou. Quer merda ter que dar a volta por cima. Que merda não achar o botãozinho interno que decretaria o fim, sem volta, sem retorno, sem a bosta de esperança. Que merda não conseguir ser perfeito para mim mesmo.

As pessoas caem nas frases feitas, nas ilusões criadas por elas mesmas, nos medos mais internos e em suas enormes vontades nunca saciadas. Porque dessa vez pode ser diferente. Dessa vez, eu me preparei. Mas a verdade é que quando a dor diz:

“Querida, cheguei”...

Todo o preparo sai pela porta dos fundos.

Se-pa-ra-dos

Tudo estava indo bem – você sabia que não estava, mas gostava de fingir que sim – ele sorria, te abraçava e às vezes ficava em silêncio.
Esse silêncio te incomodava, mas era algo que você facilmente esquecia: Um beijo, dois beijos, um abraço e um pouco mais além.
Não era mais a mesma coisa, mas você preferia isso do que outra coisa: Solidão.

Foi então, que em um belo dia de domingo cinza, ele te ligou e te disse que queria conversar.

Tudo bem, você adorava fazer isso. Lápis de olho, blusa amarrotada e um tênis meio branco meio sujo.

Você estava lá, esperando e sorridente.

Ele chegou, porém não sorridente.

Te abraçou como uma pedra de gelo, e foi escorregando pelo seu corpo sem que você conseguisse segurar, fazendo escorrer tristeza do seu coração e sair fumaça do seu estômago.

Maldita pedra de gelo. Derreteu. Acabou.

Não era mais os dois, era você e ele.

Se-pa-ra-dos.